A Justiça de Birigui (SP) acatou a denúncia do Ministério Público e tornou réus os irmãos Lucas Custódio David e Luan Custódio David, em processo pelo assassinato do eletricista Vitor Henrique Pelicer, 33 anos, crime ocorrido na manhã de 25 de fevereiro, no bairro Simões. Eles foram denunciados por homicídio triplamente qualificado.
O caso teve grande repercussão, porque a vítima foi surpreendida pelas costas e levou ao menos oito tiros, quando caminhava pela via, acompanhado do filho, de 3 anos de idade. Os acusados foram presos ainda em flagrante, no mesmo dia, e no dia seguinte tiveram as prisões preventivas decretadas.
A denúncia foi apresentada pelo promotor de Justiça Rodrigo Mazzilli Marcondes, com base no inquérito policial coordenado pelo delegado Eduardo Lima de Paula. Conforme já divulgado, naquela manhã Pelicer seguia acompanhado do filho, pela rua Sebastião Custódio, quando foi surpreendido pelos autores do crime, que estavam de moto.
Ao se aproximarem, o garupa sacou uma arma e atirou na vítima pelas costas. Ferido, o eletricista caiu no chão, o garupa desceu do veículo, se aproximou e efetuou novos disparos, enquanto a criança permanecia ao lado do pai, que já agonizava.
Em seguida, o autor dos disparos sobe na moto e os dois deixam o local, enquanto a vítima fica caída no chão, com o filho ao lado, gritando pelo pai. Pelicer chegou a ser levado para atendimento médico, mas não resistiu. A reportagem acompanhou parte da perícia.
A investigação apurou ainda que o crime teria sido motivado por um caso de lesão corporal ocorrido em 2022, após desentendimento por causa do uso de uma caçamba de entulho. Consta na denúncia que Lucas e Luan eram vizinhos dos pais de Pelicer, que foi acusado de estar depositando lixo doméstico na caçamba da empresa dos réus.
Ao ser questionado, o eletricista teria desferido um soco no rosto de Lucas, que sofreu fratura da mandíbula. Houve o indiciamento de Pelicer por lesão corporal de natureza grave e ameaça e o caso foi para a Justiça.
Após a audiência, os irmãos teriam ficado irritados com as provas colhidas, em especial, com o depoimento de uma testemunha, que chegou a ser ameaçada por eles. Na ocasião, Lucas também teria dito que lugar bom para o eletricista seria o cemitério.
Premeditado
Ainda de acordo com a denúncia, determinados a acabar com a vida de Pelicer, naquela manhã os irmãos decidiram se encontrar. Lucas teria saído de casa conduzindo um HB20, enquanto Luan estava com a moto, trazendo a namorada na garupa.
Quando se encontram, os irmãos, vestidos de capas de chuva e capacete pretos com viseiras escuras, seguiram com a moto conduzida por Luan e foram até à casa onde a vítima morava, que fica perto do local do assassinato. Eles passaram na frente do imóvel, não viram Pelicer e por isso, deram a volta do quarteirão.
Nesse tempo, o eletricista saiu de casa segurando a mão do filho e seguia no caminho da escola quando foi surpreendido. Ainda de acordo com a denúncia, Lucas teria feito os primeiros quatro disparos contra a vítima pelas costas, antes de voltar a atirar contra ela quando já estava caída, ao lado da criança.
A denúncia relata todo o trajeto feito pela dupla após o assassinato. Lucas foi preso horas depois pela Polícia Militar, ainda em Birigui, quando estava com o HB20. Já Luan foi preso no rancho da namorada dele, no condomínio Córrego Azul, em Araçatuba, localizado por equipe do GOE/Deic (Grupo de Operações Especiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Araçatuba.
Para o Ministério Público, os irmãos atuaram impulsionados por motivo torpe, pois mataram a vítima em razão de vingança, e agiram com o emprego de meio cruel, pois atingiram-na com vários tiros na vítima enquanto ela caminhava de mãos dadas com o filho de 3 anos de idade, que a tudo assistiu, provocando a pai e filho sofrimento atroz e desnecessário.
Além disso, a Promotoria de Justiça considerou que os agora réus empregaram recurso que dificultou a defesa do eletricista, pois premeditaram a execução e o surpreenderam pelas costas.:hoje mais