Ele é amado por muitos, mas não por todos – principalmente os conservadores.
A oposição ao papa Francisco se faz cada vez mais presente e visível. Há quem minimize esse movimento, mas outros acreditam que o papa possa estar no centro de uma trama política sofisticada com objetivo de enfraquecê-lo.
Eleito em março de 2013 após escândalos que abalaram a imagem do Vaticano, o papa tomou medidas e fez declarações de impacto que polarizam opiniões dentro e fora do mundo católico.
Reestruturou, por exemplo, as confusas finanças do Vaticano, criou comissão para combater abuso sexual de crianças na Igreja, fez duras críticas ao capitalismo e ajudou a reaproximar Cuba e EUA. Também chama a atenção sua defesa de uma Igreja mais tolerante em questões de família – já pediu a sacerdotes que não tratem divorciados como excomungados e procurem acolher católicos homossexuais.
Para o historiador Massimo Faggioli, professor de Teologia na Villanova University (EUA), é possível identificar três tipos de oposição ao papa Francisco: teológica, institucional e política.
“A teológica parte de alguns setores na Igreja que acham que o papa é muito moderno em questões como casamento e família. É uma oposição pequena, que age de forma respeitosa”, diz o professor.
Entre esse setor estão quatro cardeais ultraconservadores que em setembro de 2016 pediram, em carta pública, que o papa corrija “erros doutrinários” da encíclica Amoris Laetitia (Alegria do Amor), um guia para a vida em família que prega a aceitação, pela Igreja, de certas realidades da sociedade contemporânea.
Na oposição institucional, afirma Faggiolo, há pessoas que querem manter o status quo. “Alguns cardeais têm medo de perder privilégios ou da mudança de mecanismos para a nomeação dos bispos”, diz.
O historiador vê a oposição política como a mais forte. “O papa fala sobre vivermos juntos, de construir pontes em vez de muros. São questões ‘inconvenientes’ para a política global da atualidade, pois contrastam com ideias da direita francesa, italiana e americana. São tidas como uma ameaça. O papa pode lidar com as duas primeiras oposições, mas a política é a mais difícil”, afirma.
“Há grupos financeiros, fabricantes de armas e multinacionais que querem que o papa perca poder. Sua retórica é muito anti-establishment. Ele afirmou que a nossa economia mata, condenou o capitalismo e se fez escutar em questões ecológicas”, diz Scavo, citando críticas à Francisco feitas pelo centro de estudos conservador American Enterprise Institute (AEI).

