Mãos Amigas corre risco de ter contratos rompidos com a Prefeitura de Birigui

Entidade é responsável pela gestão do pronto-socorro desde dezembro do ano passado (Foto: Reprodução)

A Prefeitura de Birigui de Birigui (SP) notificou a OSS (Organização Social de Saúde) Organização Mãos Amigas, de Santos, a informar sobre a possível regularização dos apontamentos feitos na prestação de contas pelos serviços prestados no pronto-socorro municipal até esta sexta-feira (26), sob risco de rompimento do contrato.

A entidade também é responsável pela gestão das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade desde julho do ano passado e praticamente todos os meses a reportagem é procurada por funcionários, para denunciando o atraso no pagamento dos salários, entre outras irregularidades.

No caso do pronto-socorro, a entidade, que assumiu a gestão em 7 de dezembro do ano passado, só teria apresentado até agora, a prestação de contas referente ao primeiro mês de contrato, no valor mensal de R$ 1,8 milhão mensais. Ainda assim, teriam sido apontadas várias irregularidades por parte da Prefeitura.

Em conversa com a imprensa na manhã de terça-feira (23), o então prefeito André Fermino (PP), que havia assumido a Prefeitura após a cassação do mandato de Maffeis, informou que o contrato do pronto-socorro estaria há três meses sem prestação de contas.

Além disso, a prestação de contas que havia sido apresentada estaria com mais de 90 apontamentos de irregularidades com relação a notas fiscais. “Isso é uma coisa que preocupa muito a gente, a questão do pronto-socorro municipal e das UBSs”, alertou.

Nota referente a limpeza e manutenção de área verde do PS de Birigui (Imagem: Reprodução)

Na sessão da Câmara do dia 9 deste mês, após a primeira passagem pela Prefeitura após outra cassação do mandato de Maffeis pelo Legislativo, André Fermino já chamou a atenção para uma nota fiscal apresentada pela Mãos Amigas no valor de pouco mais de R$ 42 mil, referente ao serviço de manutenção e jardinagem da área verde do prédio.

Ele argumentou na ocasião que não haveria área verde no pronto-socorro municipal para a execução de tais serviços. Na nota fiscal consta que o valor seria referente ao serviço prestado no período de 7 a 31 de dezembro de 2023, o que corresponde a R$ 1.698,63 por dia.

Nota referente a contrato de locação de gerador de energia para o PS (Foto: Reprodução)

A Mãos Amigas também apresentou para pagamento, notas fiscais referentes a contrato com a empresa M.A.Z. Aguilar, no valor de R$ 10 mil mensais, para prestação de serviços para a Prefeitura de Birigui, de fornecimento e manutenção de geradores para o pronto-socorro municipal.

Nesse caso, a empresa está registrada no nome da então secretária adjunta da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Birigui, Marlene Adriana Zilli Aguilar. Ela seria esposa do empresário André Luiz dos Santos, que foi preso por condenação a 2 anos e 11 meses de prisão justamente por fraude em licitação na locação de geradores para uma festa no município de Piquete, em 2009.

Ao ser questionada pela reportagem, a Prefeitura de Birigui argumentou que até 21 de março a empresa da secretária não estaria cadastrada, no Portal da Transparência, como fornecedora do contrato de gestão com a OS Mãos Amigas.

“Não existe Nota Fiscal da referida empresa nas prestações de contas enviadas até o momento” , informou a administração municipal, apesar de a reportagem ter tido acesso a três notas fiscais apresentadas na prestação de contas pela entidade. Após a publicação da matéria, a Prefeitura exonerou Marlene do cargo.

Entretanto, também haveria problemas com relação ao contrato para gerir a ESF (Estratégia Saúde da Família) em Birigui, que incluiu as 11 UBS do município. Este está em vigor desde julho do ano passado. Na ocasião, a Prefeitura informou que a entidade havia sido a única classificada no chamamento público, pois a outra concorrente teria apresentado valor superior ao teto máximo estabelecido no edital.

Desde então, a reportagem vem recebendo reclamações de funcionários com relação a atrasos no pagamento dos salários, o que também aconteceu com relação ao pagamento do 13º salário dos funcionários, apesar de os repasses terem sido efetivados dentro do prazo pela Prefeitura.

Outra irregularidade apontada pelos trabalhadores seria o não recolhimento dos valores referentes ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que estaria atrasado há dez meses, ou seja, desde o início do contrato.

Em fevereiro a reportagem encaminhou e-mail para a assessoria de imprensa do MPT (Ministério Público do Trabalho) informando sobre a situação e foi comunicada que no dia 16 daquele mês, o órgão havia recebido uma denúncia contra a OS Mãos Amigas, justamente sobre a ausência de recolhimento de FGTS dos empregados.

Porém, revelou que desde novembro do ano passado havia um inquérito instaurado contra a mesma instituição, com o mesmo tema, sob a responsabilidade do procurador Paulo Aseredo. Entretanto, o procedimento estava sob sigilo, por isso não seria possível fornecer detalhes.

A reportagem também recebeu reclamações de que a entidade não estaria repassando aos trabalhadores os valores referentes ao complemento do piso da enfermagem aos integrantes da categoria. O dinheiro seria repassado pela Prefeitura, vindo do Ministério da Saúde para essa finalidade.

Segundo apurado pela reportagem nesta quinta-feira (25), atualmente haveria cinco parcelas referentes a esse repasse em atraso. Em janeiro o Ministério da Saúde foi procurado e informou que até então, havia feito o repasse do valor referente a nove parcelas durante 2023.

Nesse montante estaria incluído os últimos repasses, a título de assistência financeira complementar da União para o cumprimento do Piso Salarial da Enfermagem, referentes aos meses de maio a dezembro e a nona parcela, que juntas somaram R$ 1.734.373,29.

Ainda em fevereiro a reportagem procurou a Prefeitura de Birigui, que informou que havia notificado a Mãos Amigas para a regularização do pagamento das verbas trabalhistas e FGTS.

Procurada novamente nesta quinta-feira, a administração municipal informou que na última sexta-feira, na gestão do prefeito Leandro Maffeis (Republicanos), foram reiteradas todas as notificações que já haviam sido feitas anteriormente.

“Na ocasião, foi dado prazo de cinco dias úteis para manifestação da OS, sob pena de rescisão contratual. Até o momento, a OS não apresentou justificativa e nem comprovou que sanou as irregularidades apontadas. Porém, ainda está dentro do prazo para se manifestar” , informou em nota.

Quando questionada sobre o não recolhimento do FGTS dos funcionários das UBSs de Birigui, a Mãos Amigas não respondeu à reportagem. Sobre os atrasos no pagamento de salários, a entidade argumentou que seria um problema pontual.

A reportagem consultou a gestora sobre a notificação feita pela Prefeitura na últiima sexta-feira e aguarda retorno:.hoje mais

 

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Cleudson é internado na UTI na Santa Casa de Birigui

Cleudson foi internado na UTI da Santa Casa de Birigui na noite de quinta-feira (Foto: Reprodução/Arquivo)

O médico anestesista Cleudson Garcia Montali, condenado a mais de 200 anos de prisão em primeira instância em processos na Justiça de Birigui e Penápolis, referentes à Operação Raio-X, está internado na Santa Casa de Birigui, hospital ele que teria usado para fraudar contratos para desvio de dinheiro público da área da Saúde.

A informação sobre a internação foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital no final da manhã desta sexta-feira (26). A reportagem tomou conhecimento na noite de quinta-feira (25) que o médico havia passado por atendimento no pronto-socorro municipal e na manhã desta sexta-feira procurou a Prefeitura para pedir informações.

Por enquanto não há informações oficiais sobre o atendimento prestado a Cleudson no pronto-socorro. Com relação à Santa Casa, a única informação disponibilizada é de que ele está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde teria dado entrada ainda na noite de quinta-feira.

Fonte ouvida pela reportagem informou que o médico anestesista teria dado entrada no pronto-socorro na quinta-feira, alegando dores no peito. Ele teria feito um eletrocardiograma, exame para detectar o ritmo do coração e o número de batimentos por minuto. Por enquanto não há informações sobre o resultado desse exame e porque Cleudson teria sido internado na UTI.

Cleudson está em prisão domiciliar autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, em dezembro de 2022. O benefício é do tipo humanitário, baseada em laudo médico apresentado após atendimento de emergência em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de Lavínia, cidade onde fica a penitenciária onde ele cumpria pena no regime fechado.

Na decisão, o ministro citou que havia diversos laudos médicos apresentados no pedido de habeas corpus e nos outros pedidos da defesa apresentados no STF e no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), um deles declarando que o paciente “está fraco, desnutrido e apresenta piora do estado geral”.

Na ocasião, a defesa do médico anestesista alegou que apesar de fazer tratamento com medicação contra depressão, o quadro clínico dele estaria evoluindo, com tendência a suicídio. O laudo cita ainda histórico de cirurgia bariátrica realizada em 2017 e significativa perda de peso.

Ao conceder o benefício a Cleudson, Gilmar Mendes determinou o uso de tornozeleira eletrônica e o proibiu de manter contato pessoal, telefônico ou por meio eletrônico ou virtual com eventuais vítimas, testemunhas ou corréus do processo, além de usar o monitoramento eletrônico.

E justamente a OSS da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui era uma das entidades utilizadas por Cleuson para elaborar projetos que eram assinados com vários municípios para gestão de unidades de Saúde. As condenações que ele teve foram relacionadas a irregularidades por esses contratos com a Prefeitura de Birigui e a Prefeitura de Penápolis.

O médico foi preso pela primeira vez em setembro de 2020 pela Polícia Civil de Araçatuba, durante a Operação Raio-X, que investigou denúncia de fraudes para desvio de dinheiro público da área da Saúde por meio de OSSs (Organizações Social de Saúde).

No ano seguinte à prisão preventiva, Cleudson ganhou o direito à prisão domiciliar também concedida por Gilmar Mendes, mas o benefício foi revogado após o STF ser comunicado sobre cumprimento de mandado judicial realizado pela Polícia Civil de Araçatuba, por suspeita de que o laudo médico apresentado na época teria sido falsificado.:hoje mais

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MP de Birigui discorda de liminar ao ver indícios de irregularidades no uso de placas oficiais em carro particular

Inquérito foi instaurado nesta quarta-feira pela Promotoria de Justiça de Birigui (Foto: Reprodução)

Diferentemente da juíza da 1ª Vara Cível de Birigui, Íris Daiani Paganini dos Santos Salvador, que concedeu liminar nesta quarta-feira (24) determinando o retorno imediato do prefeito Leandro Maffeis (Republicanos) ao cargo, por considerar “absolutamente grosseira” por parte da Câmara Municipal a alegada adulteração de placa, o Ministério Público local vê indícios de irregularidades no uso de placas oficiais em carro particular por parte do chefe do Executivo municipal.

Tanto é, que nesta mesma quarta-feira, o Ministério Público em Birigui baixou portaria instaurando inquérito civil para apurar o uso de placas oficiais em carro particular do prefeito, ato que resultou na cassação do mandato dele na última segunda-feira (22) por parte do Legislativo Municipal.

Conforme divulgado pelo Hojemais Araçatuba , em março o MP havia encaminhado ofício a Maffeis , pedindo informações sobre o uso de placa oficial do município no carro particular que estava com a primeira-dama. O flagrante foi feito pelo vereador André Fermino (PP), após denúncia anônima, no dia 30 de janeiro.

O Toyota Corolla em nome do prefeito foi encontrado na frente da sede da Secretaria Municipal de Assistência Social, local de trabalho da primeira-dama. Nele estavam as placas de número 002 e as originais do carro estavam no porta-malas. A primeira-dama alegou aos guardas municipais que o marido havia viajado para São Paulo com o carro dela, porque o de placas 001, que pertence ao município, estaria em manutenção.

Ainda de acordo com ela, o próprio prefeito teria retirado as placas originais e instalado as de número 002 para fazer a viagem, alegando que elas facilitariam o acesso a órgãos públicos que ele visitaria na Capital.

Com base nas informações que foram encaminhadas, a Promotoria de Justiça decidiu pela instauração do inquérito civil, por entender que há indícios de que o Maffeis cometeu irregularidades. “… os fatos em tese são passíveis de configurar ato de improbidade administrativa, com dano ao erário e ofensa aos princípios da Administração Pública, em especial à legalidade e à moralidade administrativa” , consta na portaria instaurada nesta quarta-feira.

Ainda de acordo com o MP, os fatos narrados na denúncia também podem tipificar os crimes previstos nos artigos 311 e 312, do Código Penal, e as infrações de trânsito descritas nos artigos 114, § 3º, e 221, do Código de Trânsito Brasileiro. A justificativa é de que o artigo 8º, da Lei nº 1.081, de 13.04.1950 proíbe, rigorosamente, o uso de placas oficiais em carros particulares. Esse é o mesmo argumento utilizado pela Câmara para cassar o mandato do prefeito.

Ao instaurar o inquérito, a Promotoria de Justiça justifica que o prefeito confirmou ter instalado as placas 002 no carro particular devido ao veículo oficial estar em manutenção, mas não comprovou documentalmente essas informações. O órgão acrescenta que a irregularidade no sentido de o carro particular ter sido encontrado com as placas oficiais está devidamente comprovada por meio das fotografias anexadas.

E acrescenta que a confecção e utilização de placas para veículos de representação, também denominadas placas oficiais ou especiais, segue regra definida pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito). Além disso, são considerados veículos oficiais apenas os que se destinam, exclusivamente, ao serviço público e que sejam registrados como veículos de representação junto ao Renavam.

Diante disso, para dar sequência à investigação, que pode resultar em uma ação civil contra Maffeis, a Promotoria quer que a Prefeitura de Birigui informe no prazo de até 30 dias :

Em que situação o veículo particular do prefeito e primeira-dama foi utilizado para fins oficiais, com a substituição da placa Mercosul pela placa oficial; 

Em que situação o veículo particular do prefeito e primeira-dama, servindo-se da placa oficial, foi utilizado para fins particulares ou sem autorização da legislação;

Quais são os veículos oficiais da Prefeitura Municipal de Birigui, discriminando-os, e quais motivos ensejaram a não utilização de nenhum deles pelo prefeito para se deslocar até o mencionado evento oficial valendo-se do seu carro particular, com placa oficial;

Em qual data foi inserida a placa 002 do Poder Executivo no veículo particular do prefeito e primeira-dama;

Quantas horas o veículo privado do prefeito, utilizando a placa 002 do Poder Executivo, permaneceu no evento Público na Capital do Estado de São Paulo, em especial frente à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento;

Quais normas disciplinam a confecção e utilização da placa oficial 002;

Que encaminhe a documentação do veículo particular privado a qual foi utilizada a placa oficial 002 do Poder Executivo;

Em qual data foi confeccionada a placa 002 e qual o seu custo, encaminhando a nota de empenho e nota fiscal de aquisição da placa e do comprovante de pagamento;

Qual o histórico de utilização da placa 002 (fornecendo-se o registro de utilização) nos seis meses anteriores à sua aplicação no carro particular do Prefeito;

E quem determinou a confecção de um par da placa oficial 002.

O Ministério Público determinou que seja encaminhado ofício à Guarda Civil Municipal de Birigui, para que forneça cópia do Boletim de Atendimento registrado pela equipe fez contato com a primeira-dama Silvana Gomes Caetano Leal Milani quando a corporação foi acionada para comparecer na Secretaria de Assistência Social.

Também foi determinado que a Câmara Municipal informe sobre o andamento da Comissão Processante, que estava em andamento quando houve a representação, e que resultou na cassação do mandato do prefeito por 14 votos a 1.

Caso queira contestar a instauração do inquérito civil, a defesa de Maffeis tem o prazo de cinco dias para apresentar recurso ao Conselho Superior do Ministério Público, contados da ciência da notificação, que deve ser publicada nesta quinta-feira (25).:hoje mais

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